Princípios da PJR
Introdução
Os princípios da PJR foram construídos ao longo de sua caminhada, que se iniciou em 1983. O Seminário Nacional de Formação da PJR, que aconteceu no município de Piúma, ES, em novembro de 2010, após analisar os princípios existentes, reorganizou os princípios nos tópicos abaixo:
a) Princípios Eclesiais
1. Nos assumir como Igreja, no mundo e para o mundo.
2. Mostrar nossa cara jovem e camponesa, sendo sinal da jovialidade de Deus.
3. Viver o protagonismo das leigas e dos leigos.
4. Organizar serviços a partir de demandas concretas, procurando ser uma Igreja ministerial.
5. Anunciar o Reino, denunciar o anti-Reino e dar testemunho através da vivência, pois queremos uma Igreja profética.
6. Continuar a missão de Jesus de Nazaré, o Cristo, sendo uma Igreja discípula missionária.
7. Ir ao encontro e se colocar a serviço, sem ser proselitista, o que exige “conversão pastoral”.
8. Valorizar a Palavra de Deus, a Eucaristia e os pobres ou vítimas, como lugares de encontro com o Senhor.
9. Ser uma comunidade eclesial de base - CEB’s, enraizada no jeito das primeiras comunidades cristãs descritas no Atos dos Apóstolos.
10. Viver no cotidiano uma espiritualidade encarnada-libertadora, enraizada na Mãe Terra (que opte pela vida), engajada (do conflito) e pascal (assume o processo histórico como passagem).
11. Ser uma pastoral aberta ao diálogo ecumênico e inter-religioso.
12. Celebrar como comunidade a caminhada em realização, percebendo nela sinais do Reino de Deus.
13. Participar das mobilizações e lutas dos trabalhadores e trabalhadoras, motivados por nossa opção cristã.
b) Princípios de Mística
1. Viver uma mística camponesa enraizada na Mãe Terra, com suas irmãs (água, fogo e ar) e alinhavada na relação com a natureza, compreendida como Gaia, no cuidado das sementes,...
2. Viver uma mística cristã encarnada na vida do jovem camponês de Nazaré (disse e fez), que optou pelos pobres, se colocou a serviço da vida, anunciou e iniciou o Reino, foi crucificado-ressuscitado e permanece conosco.
3. Viver uma mística da memória subversiva da luta de resistência dos pobres enraizada em um projeto popular.
c) Princípios Roceiros
1. Compreender o campo (roça) como um lugar de vida (moradia, educação, saúde, lazer, ...);
2. Procurar implementar a agroecologia.
3. Ter uma visão sistêmica do agroecosistema buscando o equilíbrio energético.
4. Utilizar o conhecimento historicamente construído pelos povos nativos e pelos camponeses e camponesas.
5. Visar a produção de alimentos saudáveis em vista da soberania alimentar.
6. Lutar por uma política agrícola voltada aos camponeses: crédito subsidiado e no tempo certo, acompanhamento técnico específico, seguro agrícola, fim das importações do que produzimos, entre outros.
7. Lutar por uma reforma agrária popular.
8. Priorizar a cooperação, o planejamento, a agregação de valor através da transformação da produção agrícola e a comercialização direta.
9. Assumir a construção do projeto camponês articulado ao projeto popular.
d) Princípios de Formação
1. Levar em conta o jovem concreto, situado no tempo e no espaço, como ser social.
2. Ter a jovem e o jovem como protagonistas, sujeitos do processo histórico em que estão envolvidos.
3. Ter como matriz formativa do ser humano: o trabalho, a cultura, a (resistência a) opressão e a luta social (organização).
4. Desenvolver uma formação integral (que envolva todas as dimensões da vida); diferenciada (levando em conta o estágio da vida e o engajamento); permanente (não só através de eventos formativos) e sistemática (baseada em um plano de formação).
5. Fazer um itinerário de Educação na Fé, na Esperança (ativa) e na Caridade (amor ao próximo).
6. Buscar a formação que se dá na ação e na reflexão sobre a ação realizada (prática teorizada).
7. Visar o desenvolvimento da consciência crítica e política.
8. Assumir o estudo como uma tarefa militante.
9. Ter como objeto da formação a relação vivida entre os participantes, refletindo criticamente sobre as posturas,por exemplo.
e) Princípios Metodológicos
1. Trabalhar a partir da realidade em vista da transformação; a realidade precisa ser compreendida na sua complexidade, sua historicidade e a partir de suas contradições (pesquisa / análise), lembrando que a atualidade é objeto (ponto de partida) e a realidade transformada é o objetivo (ponto de chegada).
2. Utilizar o “método de reflexão” Ver – Julgar – Agir acrescido da devida contribuição das ciências sociais (história, filosofia, geografia, sociologia, antropologia, pedagogia, ...), ancorando-o na relação dialética Prática-Teoria ou Teoria-Prática, entendendo que prática sem teoria torna-se mero ativismo,por fazermos ações impensadas, e teoria sem prática torna-se apenas verbalismo, porque ficamos no discurso.
3. Assumir o método Prática – Teoria – Prática articulando-o ao método de reflexão Ver- Julgar – Agir (na teoria), a saber:
o Partir de uma prática vivenciada (contextualizada) ou ter a materialidade do processo (prática e contexto onde ela se realiza) como matéria prima do estudo; aprofundar a prática vivenciada (teoria); visar uma intervenção na realidade em vista de sua transformação (práxis) e, neste momento, a prática passa a ser “critério da verdade” pois o resultado dela confirma ou não a teoria que a sustenta;
o Compreender o momento da teoria como: analise da realidade com a contribuição das ciências sociais para compreender criticamente a realidade em que estamos inseridos e envolvidos; iluminação da realidade “analisada” a partir das contribuições da Sagrada Escritura, dos documentos do magistério da Igreja e da tradição assumida pelas comunidades eclesiais; reflexão da realidade “julgada” com a ajuda da pedagogia e seu ferramental metodológico em vista de forjar uma ação que transforme a realidade e seja executada com o devido planejamento;
o Saber que a prática posterior (práxis) inclui a ação de intervenção na realidade, a construção de ferramentas para a sua execução; a devida avaliação processual com os ajustes necessários (continuidade do planejamento) e, conseqüentemente, o ato de celebrar o nosso engajamento e os resultados alcançados.
4. Assumir a caminhada do povo organizado, estudando a sua memória subversiva (luta do povo) e aprimorando o projeto (rumo).
5. Saber o que fazer, como fazer, quando fazer e com quem fazer, isto é, planejar, e, fazer (ação pastoral).
6. As ações devem ser constantemente examinadas, em vista das correções necessárias (avaliação permanente).
7. Saber construir o método adequado a cada situação: não há receitas.
8. Saber combinar e utilizar diferentes técnicas ou dinâmicas.
f) Princípios Organizativos
1. Optar pelos jovens empobrecidos, especialmente os que vivem no campo ou tem o campo como lugar de vida.
2. Trabalhar na nucleação (formar grupos) e na organização da juventude camponesa (articular grupos entre si).
3. Organizar grupos de base conforme a demanda e/ou finalidade: comunidade; produção; vivência; militância.
4. Articular os grupos entre si em forma de rede e em diferentes escalas: micro (paróquia), região (diocese) e estado.
5. Ter uma direção coletiva em todas as instâncias,combatendo o presidencialismo.
6. Haver acompanhamento realizado por jovens e por assessores permanentes.
7. Ser firme nos princípios e flexível nas formas de aplicá-los.
8. Ter uma ação pastoral de conjunto, orgânica, com outras pastorais e serviços da Igreja.
9. Articular a PJR com outras organizações juvenis que comunguem do mesmo Projeto.
10. Fazer alianças com os Movimentos Sociais e parcerias com organizações que constroem o mesmo projeto.
11. Ter responsabilidade pessoal e revisão de vida e de prática.